“Sombra e água fresca“ é o desejo profundo de nossa existência.
Evitar a humilhação, a mágoa e a exclusão nos move. Sentir no fundo do coração o colo de mãe e o pertencimento é nossa busca constante.
Tendo por base essas premissas somos controláveis e vítimas fáceis da Inteligência Artificial que na sua pré-história nos apresentou de forma bem sucedida as fake news, firmemente divulgadas, pois quanto mais vulneráveis, com medo ou magoados estamos, maior nossa busca por pertencimento.
Quando luto por uma causa, quando concordo com as ideias de alguém, quando me emociono com o time de futebol ou defendo as bandeiras de algum político busco me encaixar em um grupo, me separando e me julgando melhor do que o outro que defino como menor, ignorante, adversário ou até mesmo inimigo. E os níveis de abuso e violência que nascem daí têm nos deixado abismados.
Quanto mais extrema e menos inclusiva a minha causa maior a carência que guardo em mim.
Se me julgo “do bem“ imediatamente crio aqueles que são “do mal“ e meu propósito se torna combate-los.
Embora nunca se revelem os “do mal“ talvez sejam estes mais íntegros em reconhecer suas próprias feridas: sim, eu comparo e tenho inveja, e expresso com ardor minha inveja de como ele é ouvido, sim, odeio ver o sucesso dela ou dele, sim, não sou tão reconhecido pelo meu grupo de pertencimento como gostaria.
É para disfarçar o sentimento de mágoa, carência, humilhação que as inverdades, agressividades e violência proliferam e os que as compartilham se sentem temporariamente vitoriosos.
Temporariamente…
Até que a consciência expandida se desnude na dor de enxergar o próprio abandono como verdade impiedosa da vida como ela é.
Expandir consciência é incluir o diferente, é olhar para dentro e abraçar a própria sombra, dar acolhimento para a criança que por anos aguarda o colo que nunca chega. Em resumo, é autoconhecimento, que questiona as profecias e não busca confirmação e sim, se abre para o novo.
