Crianças escondidas dentro de adultos armados
A ansiedade para que algo aconteça, a expectativa por um desejo a ser realizado, o medo da depressão chegar perturba nossa paz vez por outra.
A minha paz era constantemente perturbada e meu trabalho era bastante afetado pela instabilidade emocional.
Os fantasmas estavam sempre à espreita e em algumas manhãs sem que eu pudesse determinar qual a origem do fato, o rosto acordava pesado, a vergonha se instalava em mim, eu era arqueada como uma abóbora vermelha com a melancia pendurada no pescoço e achava que todos os olhares se dirigiam a mim, em julgamento.
Impossível me aproximar de quem quer que fosse porque a garganta estava seca, a voz não saía, o cabelo parecia eriçado como de um porco espinho espinho que se defende. Um botão interno era acionado por algum pensamento de rejeição e do nada toda dor do bebê que se sentiu abandonado emergia.
Exatamente isso é o que vemos em nossa sociedade hoje, pessoas conhecidas, estreladas na mídia ou na família, políticos duelando como no século XVIII para para lavar a honra. Trocam farpas e são apenas suas crianças internas carentes que estão em primeiro plano. Adultos que não buscam o autoconhecimento puxam armas e quase se matam, se sentem tão pequenos diante do outro, que portam com orgulho sua criança magoada e atiram o pau no gato por que pular amarelinha do xadrez do cotidiano não é o suficiente para gastar sua energia estocada.
Lutam por crenças passageiras construídas com base em um pensamento repetitivo longe de valores altruístas que inclua o outro, talvez não tenham aprendido no jardim de infância que todos fazemos parte do mesmo mundo, que navegamos no mesmo barco e é justo quando incluímos nossas dores mais primárias que o mundo começa a sorrir para nós e tudo parece muito muito mais fácil.
Qual dor da infância você ainda não incluiu na sua alma? Qual parte ainda está despedaçada?